Interview de Polga au Jornal de Noticias .
"Se fosse pelo dinheiro já não estava aqui há muito"Polga. Recorda os anos que já cumpriu em Alvalade. Diz que sempre foi frontal com José Peseiro, realça o carácter de Paulo Bento. Defende o capitão Moutinho. Os colegas chamam-lhe 'pai'. Para o futuro traça como objectivo o título de campeão. Prefere roubar o título ao Benfica que ao FC Porto
Tem 29 anos e renovou até 2012. Acaba a carreira no Sporting?Nunca se sabe. Renovei porque era um desejo das duas partes. O que quero é que os próximos quatro anos corram bem. Depois se verá.
Desde quando percebeu que podia ficar para sempre ligado ao Sporting?A empatia com o clube e a massa associativa foi-se fortalecendo de ano para ano. O carinho recíproco foi crescendo.
De início não foi fácil. Ainda se lembra dos assobios?Claro, qualquer jogador está sujeito a isso. É um risco que nunca se deixa de correr. Na altura, não foi fácil porque era a minha primeira saída. Ainda hoje, sou um jogador de dois clubes e uma selecção.
Um dia voltará ao Grémio?Tenho um carinho especial mas só depois se verá.
Com José Peseiro a treinador já não estaria no Sporting?Nunca tive problemas sérios com Peseiro nem nunca discutimos. Sempre entendi como normal uma conversa entre o jogador e o seu comandante. Sempre fui frontal com José Peseiro. Se com ele já não estaria no Sporting? Não sei.
Deve a Peseiro o pior momento da carreira no Sporting - o afastamento da final da Taça UEFA?
Foi um mau momento. Porque não joguei mas, sobretudo, porque perdemos.
Tomou esse afastamento como um castigo de Peseiro?Nunca se sabe o que vai na cabeça dos outros. Só na nossa. Durmo de consciência tranquila.
E os bons momentos?Vários. As conquistas das taças, os golos que evitei - já tirei a bola de dentro da baliza umas quatro ou cinco vezes. E isso dá-me tanto prazer como marcar golos. Mas os melhores momentos são os que estão para vir - a conquista de um título.
Teve muitos convites ao longo destes anos?Vários. Mas não me tentaram o suficiente. O ambiente no clube e o facto de a família gostar de Portugal pesaram sempre mais. O dinheiro não é tudo.
Mas 75 mil euros por mês não é mau... atingiu o tecto salarial do Sporting.Se fosse pensar em valores e em dinheiro já me tinha ido embora há muito. Já podia estar muito longe. Tive essa possibilidade há três anos, na anterior renovação com o Sporting.
O tecto salarial do Benfica e do FC Porto são bastante superiores. Costuma comparar?Comparações dessas são normais mas a realidade é o que é. Nisto do dinheiro também é muito importante a cabeça que cada um tem para levar a sua vida.
Podia ser hoje jogador do Benfica...Há muitos anos houve o interesse, umas conversações mas nunca chegou a mim. E, depois, apareceu o Sporting.
Foi a cara escolhida para a campanha do novo cartão do Sporting como foi a do relógio oficial. Porque será?Não me tenho na conta de um homem bonito. Mas fico agradecido e tenho orgulho em ser o rosto dessas campanhas.
Mas é vaidoso. Pinta o cabelo.Isso foi um erro. Ficou demasiado amarelo. Tirei logo.
Vai pedir a nacionalidade portuguesa porque quer mesmo ou porque isso abre uma vaga para extracomunitários no plantel?Gosto de Portugal, a minha família também, e se isso também for bom para o clube, melhor.
Como balanço destes cinco anos - duas taças e duas supertaças é muito pouco. Concorda?Gostava de ser campeão.
A equipa reforçou-se para isso?Reforçou-se em qualidade. E com jogadores que já conhecem a casa e o campeonato. Não é um campeonato fácil. Há quem veja pouca qualidade, mas não é verdade.
O facto de manter a base da equipa dá uma grande vantagem ao Sporting?É uma vantagem manter a base e trazer jogadores que não precisam de período de adaptação.
Confia em Rui Patrício?O Rui já teve uma excelente participação na época passada. Mas podemos ter o melhor guarda-redes que sem qualidade defensiva não se vai lá.
A defesa do Sporting tem sido das menos batidas. O problema são os outros sectores?O problema é a falta de regularidade. Contra os grandes é raro o Sporting perder. Penso que nos últimos sete jogos contra o FC Porto só perdemos um. Mas não é assim que se ganham campeonatos.
Perder com os mais fracos é uma questão psicológica?Talvez. É pensar que os golos vão acabar por acontecer e depois não acontecem.
Nestas primeiras semanas, qual tem sido a principal preocupação de Paulo Bento?No jogo sem bola, a necessidade de uma marcação muito forte, diminuir os espaços, não deixar o adversário pensar. Não é possível pressionar 90 minutos, mas é possível pressionar muito mais. É isso que ele nos tem pedido.
Como é que define Paulo Bento?É um homem de carácter, com uma grande capacidade de comando e profissionalismo.
Vê qualidades em Carriço?Tem um bom futuro pela frente porque tem qualidade.
Caneira vê-se como um líder. E você?Há várias maneiras de liderar. Não sou de andar aos gritos, falo sempre no mesmo tom de voz. Tento ser uma referência.
Tem alguma alcunha no Sporting?Chamam-me pai.
A época passada virou as costas a Rui Patrício dentro de campo, depois de ambos terem falhado um lance. Fez bem?Penso que se refere a uma fase do campeonato em que o Sporting tinha dificuldades em ganhar em casa, havia tensão e, além disso, perante um erro, o pior que se pode fazer é remoer.
Moutinho disse que queria sair do Sporting e, pouco depois, que estava de corpo e alma no Sporting. Em qual Moutinho acredita?Acredito no que entra dentro de campo. Há poucos jogadores que se entreguem como ele. Além disso, é um talentoso. Disse o que disse, mas confio nele. Eu e todo o grupo.
Corre uma petição na Net para que ele seja destituído do cargo de capitão. Ele tem condições para usar a braçadeira?Claro que tem. Pelo respeito que o grupo tem por ele. Essa é uma questão que nunca foi sequer levantada.
Moutinho falou sobre o assunto convosco?Nós conversamos até porque todos ouvimos o que ele disse. Mas também sabemos que não foi para prejudicar a equipa.
O Sporting poderia passar sem um jogador como ele?Quando o Sporting fica com um jogador a menos tem de repor. Dentro do grupo não estou a ver outro com as características de Moutinho. Há, sim, jogadores que se completam.
Partilha dos receios de Paulo Bento quanto às arbitragens?Paulo Bento não é de lançar suspeitas para o ar. E a razão dele provou-se no dia seguinte. Foi falta mas não penálti. E vão acontecer mais casos.
Foi o primeiro cartão directo e tem uma média de uma expulsão por época. Nem é do género de fazer guerrilha dentro de campo, ameaçando os adversários que gostam de simular faltas.Não. Tenho colegas que falam com os adversários, a tentar desestabilizar. Não é o meu feito nem a minha maneira de ser. Sou mais de ouvir do que falar. Sou um observador. Gosto de andar pelos cantos. E também não gosto de recorrer à falta. Tento jogar em antecipação.
Quando perde fica insuportável. É verdade?Detesto perder. E fico muito zangado com os erros que acontecem dentro de campo, sobretudo os meus.
Prefere roubar o título ao FC Porto ou ao Benfica?Ao Benfica. Há mais rivalidade porque somos da mesma cidade.
O que achou da equipa do Benfica no jogo com o FC Porto?É ainda muito cedo. A equipa foi renovada e tem um treinador novo. Vamos aguardar. Nas outras épocas, o Benfica oscilou muito.
O FC Porto é melhor?É. No entanto, perdeu alguns jogadores importantes e isso pode ter consequências.
No FC Porto, as adaptações são mais fáceis. Porquê?O FC Porto tem sempre boas equipas e por isso é mais fácil aos jogadores fazer a adaptação.
Quaresma vai fazer falta ao futebol português?Vai. É difícil ver outro como ele. Faz coisas diferentes, até porque na equipa do FC Porto tinha liberdade para o fazer.
Vai jogar contra os dois rivais nas próximas semanas...Espero ganhar e que sejam dois grandes jogos.
Quais são as metas para 2009?Vencer todas as provas. Todas são importantes, embora deseje particularmente o título nacional.
Bento denunciou a existência de bufos no balneário. Ainda há?Penso que agora o problema está resolvido.
Como é a relação dos jogadores com Pedro Barbosa?Óptima. Como sempre. Nunca houve problemas. O Pedro é uma presença constante no balneário e ajuda o grupo coma sua experiência. Está ali para isso.
A saída de Carlos Freitas foi uma injustiça?O Carlos é um excelente profissional. Todos sabem que eu tinha uma boa relação com ele. Achei excessivas algumas críticas que lhe foram feitas. Foi injusto. Mas ele foi para Braga, onde está a formar um excelente grupo.
"Um defesa teme jogar contra Lisandro e Derlei"O avançado da Liga portuguesa mais difícil de marcar?Lizandro. Tecnicamente é muito bom e tem uma capacidade física invejável. Como o Derlei. Um defesa teme jogar contra um atacante como ele.
O atacante mais difícil que já defrontou com a camisola do Sporting?
Cristiano Ronaldo, Rooney, Lisandro. E Ibraimovic. Só olhar para o pé dele mete medo! É um 46. Sem ofensa, mas o homem é um animal. Nas bolas por alto é um susto.
Quanto calça ?41 no Brasil, 43, em Portugal.
Foi campeão do mundo em 2002, com Scolari e grandes jogadores...Deram-me imensa força. O Roberto Carlos, na altura no topo da carreira, disse-me logo que ali não havia vedetas. Isso deu-me uma enorme confiança. O Ronaldo era o mais extrovertido.
Dizem que um bocadinho prima-dona...Por acaso houve uma pequena confusão com a Nike na estreia da Copa 2002. Estava programado que o Ronaldo iria estrear umas chuteiras prateadas mas, na véspera do jogo, o Thierry Henry usou as tais chuteiras na estreia da França. O Ronaldo ficou furioso, a equipa estava com medo que ele se ressentisse. Lá teve que ir a Nike com seis pares pares para ele escolher outras.
ça se voit qu'il aime le club